Viagem conturbada
*Por Carlos Galetti
Estava saindo de Barra Mansa, sendo transferido para a EsAO, aquela escola no estágio intermediário da carreira do militar. Passaria a trabalhar de Relações Públicas, atividade que sempre gostei muito.
Era uma sexta, viajaria para o Rio logo depois do almoço, mas teria que esperar um amigo, que viera na véspera para ver uma obra de impermeabilização, no Shopping de Volta Redonda. Fui pegá-lo no hotel, onde tínhamos marcado, para seguir viagem.
Meu amigo sai do hotel, entra no carro. Ligo o carro e este não pega, nem por um decreto. Aparecem as almas bondosas, empurra daqui, de lá, até que pega.
Pergunto onde tem um eletricista, afinal identificar o problema seria bom. Me dão a direção do mecânico, sigo já meio decepcionado.
Chego ao eletricista, o diagnóstico nada animador, a bateria está falida. Mas não é possível, troquei na semana passada. O rapaz me diz que devo ir lá e trocar. Após uma carga rápida, parto para Barra Mansa, na loja que tinha colocado a bateria.
Na loja de bateria, o dono se desculpa, trocando de imediato a bateria. Apesar da hora perdida, seguimos bem humorados a viagem, após pegarmos a Rodovia Presidente Dutra. Ligamos o rádio e ouvimos aquele sambinha, afinal ninguém é de ferro.
Começa a escurecer, liga-se as lanternas, para pouco depois ligar os faróis. A viagem ia bem, até que o carro começa a falhar. Na minha concepção, voltara o problema da bateria. Não deu outra, logo adiante o carro morre. Tento fazer pegar e não conseguimos, começo a pensar numa solução de deixar o carro e vir pegá-lo no dia seguinte.
Agora ver um lugar. Deixamos o carro no acostamento e nos deslocamos por uma vicinal, lá diante há um posto, é lá que o deixaremos.
Voltamos, pegamos o carro e começamos a empurrar. Estamos numa descida, tenho uma premonição, dou um tranco e o bruto pega. Astor, grito, entra que a bateria deve ter compensado.
Meu amigo entra e seguimos pela estrada, todo apagado, com o rádio desligado, completamente “encagaçados”, principalmente quando vinha uma carreta e acendíamos um pouco a lanterna para pedir que o motorista nos livrasse a cara.
E assim, rezando e nos borrando de medo, chegamos em casa. Passamos pelo bar onde ficavam os amigos e não nos atrevemos a parar, poderia o carro ficar ali. Vamos colocar na garagem e voltar.
Voltamos para tomar uma gelada, merecíamos pelo louvor da luta vencida. Quanto ao carro, amanhã resolvemos.
Tem cada uma!
*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg.
Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.