Rinha de galo
Por Carlos Galetti
Em fevereiro, fui a uma rinha de galo. Sei que alguns vão me condenar, mas fui. Alguns dirão do motivo desumano que me incentivou a participar de prática tão desmerecida.
Confesso que fui levado ao desatino pelo interesse das coisas maiores da Nação. Não que goste das nuances da política, mas afinal, se não tomamos partido, e a palavra vem muito bem empregada, tudo acontece à nossa completa revelia.
A rinha, certamente, por ser algo fora da lei, apresenta, em seu público, os mais diferentes matizes de pessoas, muitas irracionais por natureza, outras irracionais pelo momento, outras pelos interesses até escusos e outras, ainda, por violências congênitas.
A rinha que participei, em fevereiro, foi a disputa pela presidência do senado; nem sei por que estou lembrando disso agora, o fato é que a vergonha permanece.
Normalmente escreveria “senado” em letra maiúscula, entretanto, as letras que denominam senado não merecem destaque, posto que os homens que lá se encontram não o distinguem como tal.
Enquanto olhava a televisão, tive a nítida impressão que outras nações me olhavam.
Quanto rubor sentia. Vergonha, mesmo, por não ter controle sobre aqueles comportamentos tão adversos e comprometedores.
Despautérios, xingamentos, empurrões, agressões verbais e sociais, verdadeira vergonha NACIONAL.
Deus, quanta vergonha!
Precisamos mudar, nem que seja da forma mais radical, com uma “bomba fatal”, aspergindo consciência e bom senso aos nossos governantes, fazendo ressurgir um grande país, uma grande Nação, que volte a nos dar orgulho.
Estou com medo de olhar para o lado e que estejam ainda me olhando, mas, para os coadjuvantes dos fatos, o circo já fechou, a última palavra foi dita, o pano caiu, o picadeiro escureceu, os artistas se retiraram.
Só restou este pobre galo que vos fala, entristecido, envergonhado, amuado, com vergonha até de olhar para os lados.
*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg.
Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.