Fugindo do lugar comum!
*Por Carlos Roberto de Oliveira
A principio irrelevante, a cena, emblemática, não poderia ser ignorada, pois o tão apregoado distanciamento social nunca estivera tão bem representado quanto aquele em que oito personagens, todos sentados em torno de uma mesa de um espaço público, burocraticamente conviviam.
Todos devidamente ornamentados com seus acessórios institucionalizados, máscara e álcool gel, alguns até com luvas, ostentavam aquele bom comportamento doutrinário.
Algo, porém, e paradoxalmente, os distanciavam um do outro, os aparelhos celulares e os indefectíveis smartphones.
Tão grande era a concentração naquelas engenhocas que as reações, individualmente, oscilavam entre o desvairamento e a frustração.
Sabe-se lá o que viam ou ouviam, mas as imagens e sons transmitidos provocavam aquelas sensações, tão vazias quanto deselegantes, muitas vezes.
Talvez, levado por alguma observação recebida, e sentida, questionando aquele comportamento condicionado, e banalizado, inopinadamente, como que movido por uma energia libertadora, um dos personagens se deu conta de que a vida era para ser vivida e, ao levantar-se, deu de frente com Maria que, de pronto, comentou, tudo bem, mas nada virtual.
Não se sabe se foram felizes para sempre, mas enquanto durou, a vida valeu a pena.
*Carlos Roberto de Oliveira é empresário do ramo de logística em Foz do Iguaçu