Boas festas x COVID
*Por Carlos Galetti
Me proponho a escrever uma mensagem de final de ano. Demorei tanto que só saiu agora.
Normalmente, nessas mensagens fazemos uma retrospectiva dos acontecimentos ao longo do ano, mas nos faltam justamente esses subsídios. O cursor fica piscando e nada surge, quase encerro.
Enfrentamos uma crise sem precedentes; ao longo dos meus muitos anos jamais vi algo igual, fico pasmo quando penso não saber o que aconteceu. Entrei num filme de ficção e não consigo sair.
Como será lembrado esse ano?
O ano que se protelou o abraço, que enterramos nossos entes queridos à distância, o ósculo ficou afogado na garganta, o aniversário dos netos ficou para o próximo ano, enfim, as lágrimas secaram na distância dos convívios.
Concluo que posso incentivar, procurar ser otimista, mas acreditar. Não falar da boca pra fora. Penso que preciso encontrar a esperança dentro de nós, jogando-a dentro das pessoas.
Vamos fantasiar, imitar comerciais famosos, relembrar jingles marcantes. Mad Max é o filme que passo a viver, algo futurista e chocante, sem amor às pessoas.
Diante dessas confusas descrições, interrompo esses loucos devaneios. Passo aos incentivos, às mensagens de otimismo, aos convites para que juntos superemos o que veio e está por vir.
Estávamos na ladeira de novembro/dezembro, descemos agora até janeiro de 2021. 2020 já demonstrava cansaço, parecia estar com problema de pulmão, tomara que não seja covid.
Andava com certa dificuldade, passos arrastados, cabisbaixo, com ares de culpado. Sua respiração era ofegante, se afastando, cada vez mais distante. Que descanse em paz.
Que 2021 traga marcas menos indeléveis, esperanças mais saudáveis, certezas menos surpreendentes.
Que no próximo ano possamos sorrir mais, abraçar mais, chorar mais, mas abraçados. Compartilhar as ausências, não sermos cerceados de chorar perdas, homenagear os nossos mortos.
Que Deus nos permita. Que o mundo nos permita. Que Deus nos abençoe.
*Carlos A. M. Galetti é coronel da reserva do Exército, foi comandante do 34o Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente é empresário no ramo de segurança, sendo sócio proprietário do Grupo Iguasseg.
Vivendo em Foz já há mais de 20 anos, veio do Rio de Janeiro, sua terra natal, no ano de 1999, para assumir o comando do batalhão.