Não VIU?

Publicidade

Raj
Sem Resultados
Ver todos os resultados
  • Capa
  • Últimas Notícias
  • Terra das Cataratas e Itaipu
  • Tríplice Fronteira
  • Crônicas
  • Não tem como não postar
  • É bom Saber
  • Capa
  • Últimas Notícias
  • Terra das Cataratas e Itaipu
  • Tríplice Fronteira
  • Crônicas
  • Não tem como não postar
  • É bom Saber

Publicidade

Raj
Sem Resultados
Ver todos os resultados
Não VIU?
Raj
Sem Resultados
Ver todos os resultados

Um dos principais pesquisadores do Brasil revela o impacto que o tucunaré causa e o motivo para não soltá-lo, depois de pescado

Por pura ignorância científica, provavelmente, os vereadores de Foz do Iguaçu podem aprovar uma Lei para proibir a pesca dessa espécie

Por Vinícius Ferreira
11 julho, 2022
| 7 minutos de leitura |
Professor Angelo Agostinho. Foto:Câmara Municipal de Maringá

Professor Angelo Agostinho. Foto:Câmara Municipal de Maringá

CompartilharTwitterMandar pro ZapEnvie no TelegramLinkedin

Devido à grande repercussão da matéria “Comunidade científica assina Nota de Repúdio contra projeto de Lei que proíbe a pesca do tucunaré” (que teve mais de 40 mil acessos), publicada pelo Não Viu? no dia 6 de julho, e ao projeto de Lei que pode proibir a pesca dessa espécie em Foz, o blog republica a matéria abaixo, publicada em 2019, quando o assunto já era preocupante.

Vamos a ela:

Notícias Relacionadas

Saiba quanto a Prefeitura de Foz já arrecadou de IPTU este ano

PF deflagra operação de repressão à violência política contra mulher

Últimas vagas: Colônia de Férias do Eco Park Foz começa neste sábado (12)

Desta vez, as leitoras e leitores do blog vão poder ler uma entrevista, exclusiva, com um dos mais respeitados pesquisadores brasileiros nas áreas de ecologia de peixes, manejo e conservação de recursos pesqueiros, especialmente em planícies de inundação e reservatórios.

Trata-se do professor Angelo Agostinho, cujo currículo pode ser lido no final da entrevista, que já publicou mais de 240 artigos científicos em revistas especializadas, mais de 50 capítulos de livros e compõem o corpo editorial de cinco revistas internacionais.

Ao atender, gentilmente, o pedido deste editor, Agostinho revela algumas curiosidades sobre os tucunarés, entre elas vale destacar:

1-) Uma peculiaridade na dinâmica das populações de tucunaré é a explosão populacional, concomitante com redução drástica ou mesmo extinção local de peixes pequenos (forrageiras), seguido de intenso canibalismo e queda populacional;

2-) O desaparecimento desses peixes (forrageiros), além de promover desequilíbrio na disponibilidade de outros organismos alimento (algas, animais planctônicos), levou à proliferação de mosquitos e afetou o estoque de outros peixes desejáveis à pesca e ao consumo humano;

3-) Não há razão para considerar que a invasão do tucunaré na represa de Itaipu não venha causando impactos sobre sua fauna e nos recursos pesqueiros. Esses impactos foram constatados em todos os locais onde foram avaliados;

4-) Pesca esportiva dedicada ao tucunaré (sem pesque e solte) é uma forma de proteger aquelas (espécies) nativas;

5-) Para todas as espécies envolvidas na prática (de pesque e solte) há que se considerar também, por uma questão ética, o sofrimento dos animais liberados.

Confira a entrevista completa no Ler mais. Vale a pena, principalmente para a conscientização dos amantes da pesca esportiva.

1-) Qual o impacto que o tucunaré e outras espécies exóticas provocaram no Reservatório de Itaipu?

Embora não haja um estudo específico dos impactos de tucunarés sobre os estoques do reservatório de Itaipu, sua influência sobre a fauna em outras represas latino-americanas é bem conhecida. Um estudo pioneiro, realizado pelo Dr Thomaz Zaret no lago Gatun, na área do canal do Panamá, indicam efeitos devastadores da chegada dessa espécie sobre a fauna local. Com um forte apelo na pesca esportiva e em razão da qualidade de sua carne, a proliferação da espécie foi comemorada pela população. Entretanto, o primeiro impacto observado foi o desaparecimento de seis dos oito pequenos peixes forrageiros mais abundantes no lago e que atuavam em importantes elos da cadeia alimentar. O desaparecimento desses peixes, além de promover desequilíbrio na disponibilidade de outros organismos alimento (algas, animais planctônicos), levou à proliferação de mosquitos e afetou o estoque de outros peixes desejáveis à pesca e ao consumo humano. Algo similar foi constatado mais recentemente pelo Dr Fenando Pelicice em uma série de artigos publicados para um trecho da represa de Rosana, no rio Paranapanema. Nessa represa, decorrido apenas três anos do primeiro registro da espécie, constatou-se o desaparecimento quase completo das espécies de pequeno porte de seus ambientes preferenciais (meio da vegetação aquática). Outros estudos na bacia do rio Grande e Paranaíba mostram tendências similares. É impressionante o fato da abundância do tucunaré fora de sua área natural (Amazônia), ser controlada essencialmente pelo esgotamento de suas presas e após se alimentarem de seus próprios jovens (canibalismo). Uma peculiaridade na dinâmica das populações de tucunaré é a explosão populacional, concomitante com redução drástica ou mesmo extinção local peixes pequenos (forrageiras), seguido de intenso canibalismo e queda populacional. A recuperação dos estoques do tucunaré pode ocorrer novamente após a recuperação das populações das forrageiras (presas).

A avaliação do impacto dos tucunarés sobre a biodiversidade não pode ficar restrita ao empobrecimento da fauna de peixes pequenos (forrageiras ou filhotes de espécies de grande porte). Deve ser levado em conta as funções dessas espécies nos ecossistemas e os serviços prestados pela biodiversidade. A ligação entre os estoques de peixes explorados na pesca e sua fonte primária de energia e matéria (algas, detritos), o transporte de matéria e energia entre os compartimentos do fundo, margens e coluna d’água, a dispersão de sementes, a qualidade da água, o controle da mosquitos, entre muitos outros. Todas essas variáveis devem afetar os estoques de peixes das demais espécies exploradas pela pesca profissional e esportiva. Embora careça ainda de análises mais aprofundadas, é inegável a concomitância entre a queda da pesca profissional no reservatório de Itaipu e o aumento na abundância do tucunaré, que apareceu nas pescarias em 1985.

2-) Se houve esse impacto, como poderá ser revertido?

Não há razão para considerar que a invasão do tucunaré na represa de Itaipu não venha causando impactos sobre sua fauna e nos recursos pesqueiros. Esses impactos foram constatados em todos os locais onde foram avaliados. Como a remoção de uma espécie invasora em um rio ou grande reservatório é uma tarefa impossível e o impacto que ela causa é proporcional à sua abundância, a única alternativa possível para minimizar o impacto é o controle de sua população. Embora o controle da proliferação do tucunaré seja realizado principalmente pelo esgotamento dos recursos alimentares e pelo canibalismo, o Dr Luciano Santos, da UNIRIO, realizou um estudo, no reservatório de Lajes, em que mostra evidências de que a pesca esportiva dedicada ao tucunaré é uma forma de proteger aquelas nativas. A pesca esportiva pode, em tese, reduzir o pico de proliferação do tucunaré, estabelecendo algum equilíbrio entre predador-presa, reduzindo a incidência de canibalismo e resultando em pescarias maiores e menos flutuantes.

3-) Existe algum estudo sobre a taxa de sobrevivência do tucunaré e outros peixes exóticos depois de pescados e soltos?

Sim. Há experimentos realizados em todo o mundo. Alguns deles realizados no Brasil, em pescarias diversas, incluindo a do tucunaré. Como esperado, os resultados desses estudos são bastante controversos, variando de 0 a 100%, podendo isso ser explicado pelo grande número de variáveis que interferem na mortalidade após a soltura do peixe, geralmente ligadas à espécie, às condições e formas de captura e ao tempo de monitoramento após a liberação.

4-) Qual seriam os efeitos do pesque e solte no reservatório da Itaipu?

Os efeitos da prática do pesque e solte nas pescarias esportivas no reservatório de Itaipu pode ser considerada como similar à de outras regiões. Para as espécies nativas, lamenta-se as taxas de mortalidade que podem ser elevadas, além de reconhecida influência sobre a reprodução e perda de condição física. Para o tucunaré, a perda da oportunidade de controlar o tamanho de sua população, indesejável tanto para a pesca, pela redução na taxa de crescimento e tamanho do peixe (efeito densidade dependente), como para a biodiversidade (extinções locais, e efeito sobre as funções ecossistêmicas e serviços).

Para todas as espécies envolvidas na prática há que se considerar também, por uma questão ética, o sofrimento dos animais liberados. Isso é particularmente preocupante em ambientes mais confinados de pesque-e-pague ou durante torneios de pesca, quando a probabilidade de um mesmo indivíduo ser capturado mais de uma vez é bem maior. Os efeitos subletais resultantes de estresse, remoção de escamas, perda de muco protetor, mutilações na boca, brânquias ou estômago, choques térmicos, entre outros, são inevitáveis. No caso do tucunaré, cuja alimentação envolve a projeção dos maxilares para a formação de um tubo responsável pela sucção da presa, basta uma perfuração para que essa sucção não funcione ou seja deficiente. Por mais que os protocolos de boas práticas reduzam esses impactos, eles são em alguma extensão inevitáveis, razão pela qual esse tipo de pesca é proibido em álbuns países (ex.: Suíça, Alemanha). Embora as leis brasileiras proíbam “ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres…” (Lei 9.605 -Crimes Aambientais; artigo 32), documentos legais têm fomentado essa atividade, incluindo em períodos em que a pesca é vedada (ex.:Resolução 16/2009-SEMA-PR).

5-) Como pesquisador e autoridade no assunto, qual a sua recomendação para a prática do pesque e solte nesses casos?

Pelo fato do tucunaré ter seus efeitos devastadores sobre a fauna de pequenos peixes da bacia do rio Paraná já bem conhecidos e das invasões biológicas se constituírem atualmente na principal ameaça à ictiofauna em todo mundo, a recomendação mais óbvia é de que todo o esforço e oportunidade sejam usados para controlar o tucunaré e outras espécies fora de suas áreas nativas. Aliás, esse é um compromisso internacional assumido pelo Brasil ao subscrever a Convenção da Biodiversidade, ratificada pelo Decreto Lei 2.519 de 1998.

Para as espécies nativa, a recomendação é que os impactos, negativo ou positivo, dessa prática seja avaliada através de experimentação obedecendo os pressupostos do método científico. E que o pesque e solte não seja considerada uma panaceia para a conservação da ictiofauna ou uma saída ética para a pesca de lazer.

6-) Em termos de peixes, como está a saúde do reservatório atualmente?

Como todo reservatório hidrelétrico, o de Itaipu apresenta, ao longo de sua extensão, a ictiofauna apresenta diferentes níveis de “saúde”. A metade superior ainda conta com uma fauna mais próxima da original, incluindo espécies migradoras que usam os rios acima (Piquiri e Ivai) para desovar e desenvolvimento inicial. Já os trechos mais internos, apresentam uma fauna mais diferenciada, com marcante predomínio de peixes de água mais lenta como os tucunarés, a curvina, a sardela e as piranhas, entre outras. Em relação à pesca esportiva e a amadora, curvina e tucunaré, ambas invasoras, são as mais capturadas. Já a pesca profissional (artesanal), essa monitorada pela Itaipu Binacional desde 1987, embora com uma redução inicial concomitante ao estabelecimento do tucunaré, se mantém estável desde os anos 90. As principais espécies (armado, curimba, barbado, curvina e sardela) se alternam entre as mais abundantes, conferindo certa estabilidade aos desembarques pesqueiros. A propósito, esse revezamento pode ser considerado um dos serviços prestados pela biodiversidade.

Breve currículo.

Angelo Agostinho é professor titular aposentado da Universidade Estadual de Maringá, ainda atuando como voluntário no Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais, para cuja criação contribuiu. Graduou-se em Biologia pela Universidade Estadual de Londrina (1976), com mestrado em Zoologia pela UFPR (1979) e doutorado em Ecologia de Recursos Naturais na UFSCar (1986). Seu principal interesse na pesquisa é a ecologia de peixes, manejo e conservação de recursos pesqueiros, especialmente em planícies de inundação e reservatórios.

Foi um dos fundadores do Nupélia (Nucleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura) da Universidade Estadual de Maringá, sendo um dos coordenadores por mais de 20 anos. É pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas e Desenvolvimento (CNPq; PQ nível 1A) desde 1992. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Ictiologia e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Limnologia, sendo Membro Honorário da primeira. Recebeu distintas homenagens, entre as quais o nome em três espécies novas de organismos aquáticos.

Publicou mais de 240 artigos científicos em revistas especializadas, mais de 50 capítulos de livros. Publicou também quatro livros como autor e outros seis como editor. Compõem o corpo editorial de cinco revistas internacionais. Orientou 30 mestrados e 32 doutorados e supervisionou sete pesquisadores de pós-doutorado.

 

CompartilharTweetarEnviarCompartilharCompartilhar

Relacionados +Conteúdos

Foz do Iguaçu

Alerta de golpe em nome do Procon de Foz

11 julho, 2025
1
Durante o evento, realizado na sala de reuniões do Sesc Paraná, o prefeito General Silva e Luna destacou o caráter estratégico da obra. Foto: PMFI
Na Terra das Cataratas e da Itaipu

Promessa em andamento: Prefeitura de Foz lança trincheira no Jardim Jupira

11 julho, 2025
1
Foto: PMFI
Caos na saúde

Em apenas uma casa de Foz estão cadastrados 217 números de cartões do SUS

11 julho, 2025
1
Deixar comentário

Notícias recomendadas

    • Notícia
    Sede da Prefeitura de Foz do Iguaçu. Foto: Christian Rizzi/PMFI

    Morre aos 65 anos o engenheiro José Augusto Carlessi

    7 julho, 2025
    1
    Foto ilustrativa: Pixzbay

    Agravamento das rinites e sinusites à vista

    10 julho, 2025
    1
    Vila Portes em Foz do Iguaçu. Foto: ACIFI/Divulgação

    Projeto da trincheira entre o Jupira e a Vila Portes será apresentado amanhã (10)

    9 julho, 2025
    1
    Visita técnica dos membros do Comtur. Foto: divulgação

    Passagem exclusiva de veículos de turismo na Ponte da Amizade à vista

    9 julho, 2025
    2
    O nascimento da Lua , às 17h50 desta quinta-feira, será muito bonito de observar, com diferenças na coloração. Foto: José Fernando Ogura/Arquivo AEN

    Vale a pena olhar para o céu nesta noite de quinta-feira

    10 julho, 2025
    1

    Notícias Populares

    • Atendimento simulado de vítima de picada de cobra. Foto: IB/Paraguai

      Simulação de picada de cobra na Itaipu

      0 compartilhados
      Compartilhar 0 Tweetar 0
    • Agora é Lei: novas rodovias do Paraná terão de ter acostamento

      0 compartilhados
      Compartilhar 0 Tweetar 0
    • Escolta da PRF para elefanta exigiu 7 anos de planejamento

      0 compartilhados
      Compartilhar 0 Tweetar 0
    • Ciudad del Leste tem um novo diretor de Trânsito

      0 compartilhados
      Compartilhar 0 Tweetar 0
    • Alerta de golpe em nome do Hospital Municipal de Foz

      0 compartilhados
      Compartilhar 0 Tweetar 0
    Não viu?

    © 2023 Não Viu - Projetado por H7web Projetos Especiais

    Fale Conosco via: E-mail - naoviu.com.br@gmail.com ou Whatsapp - (45) 99963-1755

    • Aviso Legal
    • Não Viu, um olhar sobre tudo
    • Newsletter
    • Política de Cookies
    • Política de Privacidade
    • Termos de Uso
    • Quem somos

    Redes Sociais

    Bem vindo de volta!

    Entrar

    Esqueceu a senha?

    Recupere sua senha

    Digite seu nome de usuário ou endereço de e-mail para redefinir sua senha.

    Entrar

    Adicionar Nova Lista de reprodução

    - Selecione Visibilidade -

      Sem Resultados
      Ver todos os resultados
      • Não Viu, um olhar sobre tudo
      • Últimas Notícias

      © 2023 Não Viu - Projetado por H7web Projetos Especiais