Vento, pressão atmosférica e ondas imponentes – uma combinação aparentemente inofensiva, mas que deu origem a um fenômeno raro e, ao mesmo tempo, destrutivo: o tsunami meteorológico.
A Natureza do Fenômeno
O tsunami meteorológico se desencadeia quando nuvens carregadas e ventos vigorosos avançam rapidamente sobre o mar, formando uma colossal onda que atinge as praias. Geralmente, está associado a sistemas meteorológicos, como linhas de instabilidade, conforme explicou a Defesa Civil. Esta complexa combinação de fatores torna a previsão desse fenômeno desafiadora.
Apesar de seu nome, o tsunami meteorológico difere das ondas gigantes provocadas por terremotos, sendo considerado menos destrutivo. Ao contrário do tsunami convencional, que é desencadeado por abalos sísmicos, este fenômeno resulta de uma mudança abrupta no vento, queda repentina da pressão atmosférica e ondas maiores.
O professor de meteorologia, Mauro Michelena Andrade, enfatiza que uma alteração súbita no vento, associada a ventos de alta velocidade e uma queda abrupta da pressão atmosférica, pode gerar ondas impressionantes. Essa sinergia entre vento, pressão atmosférica e ondas grandes, mesmo que distantes, tem o potencial de causar o tsunami meteorológico.
Este fenômeno é uma ocorrência rara no Brasil, tendo sido registrado apenas algumas vezes, sendo duas delas em Santa Catarina – em 2019, em Florianópolis, e em 2014, em Balneário Rincão.
Explicações para a Ocorrência no Sul do Brasil
Apesar de o tsunami meteorológico poder ocorrer em qualquer região litorânea, as ocorrências no Brasil são mais frequentes na Região Sul. Mauro Michelena explica que isso se deve ao fato de que as praias nesta região são mais abertas, sujeitas a ventos intensos e eventos meteorológicos mais extremos.
A cidade de Laguna testemunhou o fenômeno em um momento movimentado da praia, repleta de turistas. O pescador Marcio Goulart Nascimento descreveu a cena, destacando o caos momentâneo. Carros foram arrastados e parte da praia submersa, enquanto os visitantes corriam em busca de segurança.
Com a maré baixa, pescadores correram para auxiliar banhistas, resgatando principalmente mulheres e crianças. Além dos danos materiais, documentos foram perdidos durante o incidente.
A Defesa Civil esclareceu que a ocorrência foi desencadeada por instabilidades e fatores propícios ao tsunami meteorológico. Linhas de instabilidade, compostas por células tempestuosas alinhadas, ao passarem paralelas à costa, podem provocar mudanças abruptas na pressão atmosférica e rajadas intensas de vento, impulsionando a água do mar em direção à praia.
Apesar da proibição de veículos automotores nas praias do município de Laguna, exceções foram evidenciadas no rastro deste fenômeno, que, embora raro, serve como um alerta sobre os caprichos da natureza e a necessidade de compreensão e preparação diante de eventos meteorológicos extraordinários.