A falta de exposição à luz solar pode afetar a produção de neurotransmissores relacionados ao humor e ao sono, levando a alterações emocionais em muitas pessoas.
O Transtorno Afetivo Sazonal (TAS) é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um transtorno depressivo, mais frequente no outono e no inverno, e com maior incidência em pessoas que vivem em regiões mais distantes da linha do Equador, onde os dias de inverno são mais curtos e há menos exposição ao sol.
“Percebo no atendimento clínico, no período chuvoso, as pessoas pedindo mais a consulta online. E muitas das pessoas que vêm presencialmente estão com menor qualidade do estado emocional”, afirma a psicóloga Izabela Neves Freitas
No Paraná, as condições climáticas são diversas.
Os dados do Simepar apontam que, nos 252 dias que se passaram de 1º de janeiro até 03 de setembro, Curitiba teve 97 dias dias com chuva; Telêmaco Borba teve 100; Pinhão, 105; Cascavel, 89; Pato Branco teve 92; já Antonina teve 131 dias chuvosos.
No Noroeste o cenário é diferente: Paranavaí registrou chuva por 76 dias no mesmo período, sendo apenas 11 desde 20 de junho, quando teve início o inverno; Maringá teve chuva por 74 dias, sendo apenas 13 no inverno; Apucarana teve chuva por 76 dias, sendo apenas 13 no inverno; e Londrina teve 77 dias de chuva, sendo apenas 9 no inverno.
“No Norte do Estado é muito raro ter quatro dias seguidos, por exemplo, com o tempo fechado e chuvoso. Já no Litoral e Região Metropolitana isso não é tão difícil e, às vezes, é possível ter períodos muito maiores do que isso no Sul do Estado, onde também tem dias bem mais frios do que em outras regiões”, afirma o coordenador de operações do Simepar, Marco Jusevicius.
Efeitos
De acordo com a psicóloga Izabela Neves Freitas, especialista em luto e depressão, nas regiões onde o tempo é mais frio e mais chuvoso o índice de casos de TAS tende a ser maior.
Ele está relacionado à influência dos ritmos circadianos (variações das funções biológicas ao longo de um dia) e ao desequilíbrio dos neurotransmissores no cérebro pela redução da exposição à luz solar.
“Percebo no atendimento clínico, no período chuvoso, as pessoas pedindo mais a consulta online. E muitas das pessoas que vêm presencialmente estão com menor qualidade do estado emocional”, afirma Izabela.
“A pessoa, por exemplo, vai ter um prejuízo no trabalho, porque não está indo trabalhar, ou vai ganhar peso porque não está indo para a academia, e é aí que a precisamos estar de olho. A tristeza do inverno pode ser comparada com a preguiça. Já a depressão sazonal é realmente a intensidade de não fazer as coisas”.
Um ciclo de sono irregular e pouco tempo de exposição solar, além de aumentar os sintomas de TAS, também causam baixa na vitamina D.
“A falta dela, mesmo que seja em proporções pequenas, causa um desânimo e bloqueia também a entrada de outras vitaminas que são importantes para nós, como a vitamina C e a B12. Mesmo com um suplemento vitamínico às vezes fica difícil de suprir, e aí a pessoa pode entrar em um processo depressivo que leve a situações mais graves, que necessitem de medicação”, afirma a psicóloga.
Com informações da AEN
