A lenda de Tarobá e Naipi todo mundo conhece. Ela conta que as Cataratas foram fruto de amor – de Tarobá e Naipi – e de ódio, do deus M´Boi, que queria Naipi e, por não conseguir, se contorceu com tanta ira no solo que formou a fenda por onde o rio desce e forma as quedas d´água.
Depois, transformou Naipi na rocha central das Cataratas, sempre açoitada pelas águas do rio, e Tarobá numa palmeira que pende sobre o abismo.
Dessa inspiração, Miguel Hachen fez um mural colorido, que capta toda todo o encanto da natureza, a beleza de Naipi e Tarobá e das águas que formam as Cataratas. Até o Mal é colorido.
Os vídeos e fotos do mural, mesmo antes da inauguração, foram compartilhados por Miguel e renderam nada menos que mais de 9 mil compartilhamentos, 12 mil comentários e 33 mil curtidas.
O artista
Mas quem é este artista?
Uma reportagem feita em 2011 por Garon Picelli para o portal ClickFoz traz a história de Miguel, apontado como “argentino, brasileiro, iguaçuense, índio, gaúcho, gringo, caipira, urbano”. E mesmo essas definições ainda não abarcam tudo o que ele é.
Argentino de nascimento, ele estudou Artes Plásticas na Associação Estímulo de Belas Artes e na Nova Escola de Artes Visuais, ambas em Buenos Aires.
Conta Garon que Miguel passou a infância em um pequeno vilarejo, onde conviveu com índios e gaúchos. Com eles Miguel brincava, pescava e absorveu os costumes guaranis, para mais tarde desenvolver sua própria linguagem artística, o Neo Guarani.
Aprendeu com os gaúcho a ler em português, o suficiente até para que, quando chegou a Foz, pudesse escrever para a então Gazeta do Iguaçu. Foi joralista e professor na décadaei em Foz escrevi para a Gazetinha por algum tempo”. O artista ainda se arriscou como jornalista e professor na década de 1990.
Aqui em Foz ele se enraizou. Dos índios, diz Garon, “Miguel herdou não só a iconografia guarani, que é muito rica, mas também os materiais que usa. Com a facilidade de uma criança brincando, ele trabalha com tintas, cerâmica, madeiras e outros materiais exclusivos desta região que dizem muito sobre a cultura e a história local”.
Na academia, Miguel estudou os grandes clássicos das artes plásticas, gosta de Van Gogh, de Picasso, dos Renascentistas, mas afirma que cada um deles só contribui para sua linguagem própria, nada serve como inspiração propriamente dita.
“Tudo que eu vivi, as informações que assimilo me dão uma característica que me diferencia”, afirmou ao ClickFoz.
Sobre o mural
No Facebook, em espanhol, Miguel Hachen escreveu sobre o mural “A Lenda das Cataratas”:
Santa paciência e 18 histórias para contar-lhes neste mural sobre a Lenda das Cataratas, que finalmente está terminado e estou entregando hoje, segunda-feira, 22 de outubro de 2018. Depois de seis anos de espera, 60 dias projetando, 267 dias de trabalho, 15 participações (três pedreiros, três auxiliares, três mosaicistas como convidadas especiais e seis colaboradores); 369 visitas, 3.330 fotos, três fotógrafos, nove vídeos, seis desgostos, três mentirosos e nove alegrias pude terminar esta obra de 171 m² nas 3 fronteiras. Não é incrível?
Observem bem: em 39 segundos podem ver que são três, seis ou nove planos (vocês escolhem). Há três figuras humanas, três árvores, três animais terrestres, três peixes, 33 aves,12 flores e muito mais. Depois, quando puder, lhes conto em pormenores e todas as histórias…
M.H.
Vamos conferir na inauguração?
Vídeo
Veja o vídeo que ele também publicou no Facebook: