Em meio à revolução da inteligência artificial (IA), o Brasil enfrenta um desafio significativo: a fuga de seus brilhantes profissionais para o exterior, conforme indicado pelo recente ranking do The Global AI Index. Embora o país ocupe a 35ª posição entre 62 nações no mercado de IA, a disparidade é notável quando se analisam fatores como estratégia governamental e pesquisa e desenvolvimento.
O destaque brasileiro, no entanto, encontra-se nos “talentos”. O país se posiciona em respeitável 21º lugar neste quesito, evidenciando a riqueza de profissionais qualificados em IA. No entanto, a contradição surge quando se percebe que muitos desses talentos contribuem para empresas e governos estrangeiros.
A pesquisa, conduzida pela Tortoise, revela um cenário familiar ao de países como a Índia, onde o talento gerado localmente frequentemente não é retido, resultando em uma fuga de cérebros em direção a nações mais ricas. O historiador Joe White, cientista de dados da Tortoise, destaca que a situação brasileira reflete essa dinâmica global.
Ao analisar o caso do Brasil, que ocupa o 35º lugar no ranking geral, percebe-se que a falta de estratégia governamental é um fator crucial. O país está em 30º lugar nesse aspecto, enquanto em talentos, está em 21º. Essa discrepância é apontada como um dos principais impulsionadores da fuga de cérebros, conforme destacado por White.
A pesquisa, que abrange 62 países, avalia três pilares principais: investimento, inovação e implementação. O Brasil, apesar de estar no meio do ranking geral, enfrenta desafios em áreas cruciais para o avanço da IA. A falta de investimento em pesquisa e desenvolvimento, somada a uma estratégia governamental deficiente, contribui para a perda de talentos para nações mais avançadas.
Os dados do levantamento foram coletados principalmente no LinkedIn, revelando que o Brasil possui uma quantidade expressiva de profissionais em IA, tanto em números absolutos quanto proporcionais à sua população. No entanto, a migração desses talentos para empresas estrangeiras, muitas vezes americanas, impacta negativamente o avanço da IA no cenário nacional.
O exemplo de Talmo Pereira, líder de um laboratório em San Diego, destaca-se como um caso representativo. Seu trabalho e conquistas contribuem para os Estados Unidos, não para o Brasil, ressaltando as consequências da falta de incentivo e apoio para profissionais na área acadêmica.
A pesquisa, realizada anualmente, destaca que, apesar das melhorias no ranking global do Brasil, a fuga de cérebros continua sendo um desafio crucial. Os profissionais brasileiros, reconhecidos por seu talento em IA, são atraídos por oportunidades mais amplas e recompensadoras no exterior, destacando a necessidade urgente de políticas públicas e incentivos para reverter essa tendência preocupante no cenário de rápido crescimento da inteligência artificial.