Em uma audiência perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA, ontem, 20 de maio, o secretário de Estado do país, Marco Rubio, abriu um novo horizonte para o Paraguai usar os 50% da energia da Itaipu a que tem direito – e só pode ser vendida ao Brasil.
Rubio destacou o potencial do Paraguai para se tornar um líder global em Inteligência Artificial (IA), devido à sua capacidade de gerar energia para impulsionar inovações dessa essa nova tecnologia, que consome muita energia.
“Nós, simplesmente, não produzimos energia global suficiente para atender a essa demanda”, disse ele.
“Então, alguém, se for inteligente, irá ao Paraguai e abrirá uma instalação de inteligência artificial”, disse o secretário de Estado.
Carta na manga
Para especialistas no setor, a estratégia americana deve atrapalhar os interesses brasileiros na negociação do chamado “Anexo C” do Tratado de Itaipu, que deverá rever o valor da tarifa da hidrelétrica, em 2027.
O ex-diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) Luiz Eduardo Barata disse à CNN que o fato reforça o poder de barganha do Paraguai.
“Faz sentido a estratégia americana, é factível [a instalação de plantas no Paraguai para utilizar energia da usina]. Sem dúvidas isso vai dificultar a discussão entre Brasil e Paraguai sobre o anexo C. O Paraguai não tem hoje muitas cartas na manga e passa a ter”, disse.
Valores
Vale ressaltar que tal tarifa deveria estar abaixo de 10 dólares por KW, porém, acordaram que ficaria nos absurdos U$ 19,28 por KW só até 2026 (período do atual governo brasileiro do presidente Lula), mas que voltaria às regras do Tratado a partir de 2027.
Vale ressaltar, ainda, que é com o valor absurdo dessa tarifa que a Itaipu, do lado brasileiro, atualmente “nada em dinheiro”, já que ela beneficia as duas margens da hidrelétrica.