A Itaipu Binacional deu um passo importante no monitoramento da fauna aquática do Rio Paraná com a implementação de uma tecnologia inédita no Brasil. A capacitação de técnicos em cirurgia de peixes, realizada entre os dias 1º e 5 de dezembro de 2025, marca um avanço crucial para o monitoramento da biodiversidade local, utilizando marcadores eletrônicos para registrar batimentos cardíacos e níveis de estresse dos peixes migratórios.
Canal da Piracema: Corredor Ecológico para a Migração de Peixes
O Canal da Piracema, uma estrutura vital criada pela Itaipu, permite a migração de espécies de peixes que foi interrompida pela construção da barragem da Usina. Este corredor ecológico assegura que as espécies migratórias, como o pintado, piracanjuba (criticamente ameaçada) e o dourado, possam completar seus ciclos reprodutivos essenciais para o equilíbrio ecológico da região. A cada ano, o monitoramento revela novas dinâmicas das populações de peixes e como elas estão adaptadas ao novo ecossistema.
Monitoramento Avançado com Tecnologia de Ponta
Desde 2004, Itaipu tem implementado tecnologias avançadas para monitorar a saúde das populações de peixes. Em 2025, um novo sistema de marcadores eletrônicos foi incorporado ao projeto. Durante o treinamento, cerca de 15 técnicos das divisões de Reservatório e Áreas Protegidas participaram de um curso especializado em cirurgia de peixes. Ministrado pela bióloga Lisiane Hahn, o curso cobriu desde técnicas de captura e manuseio até procedimentos cirúrgicos para implantar os biologgers cardíacos.
Biologgers Cardíacos: Tecnologia para Monitoramento de Estresse e Saúde
Os biologgers cardíacos são dispositivos pequenos e inovadores implantados próximos ao coração do peixe, que registram dados cruciais sobre o esforço físico e o estresse durante os deslocamentos dos peixes, especialmente durante a migração no Canal da Piracema. São dois modelos de marcadores: um que monitora a frequência cardíaca e o deslocamento, e outro que registra a temperatura e profundidade, revelando como as espécies utilizam o ambiente do reservatório.
Colaboração com Pescadores para Sucesso do Projeto
Uma das chaves para o sucesso do monitoramento é a colaboração dos pescadores locais. O dispositivo não transmite dados em tempo real e só pode ser recuperado por meio da recaptura dos peixes. Pescadores que devolverem os marcadores à Itaipu receberão um kit de brindes. A parceria com o Instituto Neotropical de Pesquisas Ambientais também será fundamental para divulgar e expandir o alcance do projeto.
Impacto e Perspectivas Futuras
Os primeiros dados completos devem ser analisados no primeiro semestre de 2026. A expectativa é que os dados coletados ajudem a compreender melhor o impacto da migração sobre a saúde dos peixes, além de fornecer informações valiosas para o manejo e conservação das espécies em risco.



